sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Tristeza

A tristeza é minha companheira nesses dias.
Ninguém entende. Espírita, agitada, empreendedora, dá conta de tudo, explica e compreende o eterno ciclo da vida e da morte. A ação é meu lema, alegria minha rima mas a tristeza muitas vezes já foi minha companheira principalmente no internado quando me sentia sózinha, quando voltava das férias e já ñ encontrava algumas amiguinhas, via novas carinhas tão desconfiadas e um tanto apavoradas tal qual a minha havia sido a minha um dia quando lá fiquei pela primeira vez. Era sempre um recomeçar, sempre novas aproximações, novas histórias para ouvir, sempre um ir e vir...
Oportunidades perdidas, mudanças ñ queridas, amores falidos, amigos que se afastaram... Mas a visita da dita senhora sobre quem escrevo agora era breve, a alegria voltava a fazer parte da minha vida em novas investidas.
E eis que agora surge novamente essa senhora como companheira, que brota em lágrimas que tento reter no meio da rua, na frente do ente amado que me questiona quando ñ estou a fim de ficar analisando, de procurar razões para ñ me sentir assim. Eis que ela preenche meu ser sempre efervescente.
Quem sabe é hora de conhecer essa senhora que me traz tantas emoções diferenciadas; saudades enormes de quem já foi há muito para outra dimensão e das que partiram recentemente (tia Liu e Tóia) ; de quem de mim saiu e se afastou da minha vida; das brincadeiras da infância do meu avô querido, da vovó Toinha, da tia Lourdinha, Creuza, dos meus filhos e dos "primos sobrinhos" pequenos,crianças. de nossas pescarias, do jogo de bola na piscina no escuro, das histórias de horror, das regatas, das broncas, da pista improvisada cheia de altos e baixos entre o jardim e a piscina, para as bicicletas dos meninos que voavam quase me matando se susto. Das serestas do meu pai. Dos tios queridos que me proporcionaram tanta alegria, conhecimento.
Essa "tristeza" não é dolorosa, me traz saudade de um tempo vivido que guardarei para sempre dentro de mim. Saudade de quem compartilhou comigo momentos de vida me acolhendo, me ensimando e corrigindo, me amando... Minha tristeza de agora é saudade vestida de melancolia

Tristeza

Quantas emoções doloridas nesses últimos meses.
Ver a vida indo devagar em meio a onda de dores, apelar para morfina que anestesia o corpo e quem sabe lucidez do espírito. Tomar a desição de amortecer os sentidos de uma alma querida, velar para que parta tranquilamente, serenamente acolhendo a saudade que já se fazia presente. Invadir seus espaços mais íntimos cuidando do seu corpo, sempre falando da transitoriedade da matéria, do corpo perispiritual. Me vendo naquela cama, aprendendo a morrer a me desprender...
Desfazer sua casa, doando seus móveis, me surpreendendo com coisas guardadas que me emocionaram. Cordão com os primeiros dentinhos, nossos e dos nossos filhos, meus poemas não publicados guardados, amarelados... Separar, rasgar, jogar fora o que há muito não tinha utilidade, mas muito representava... Quanta coisas amontoada, refletindo sentimentos contraditórios que todos temos. Entre surpresas, lágrimas e risos a lição maior: despreendimento, estamos aqui de passagem precisamos exercitar o desapego. Que você tia querida não se esqueça de sua filosofia " Eu sou imediatista" vivo o dia de hoje, que ela a ajude a compreender sua nova condição, que vc. veja e compreenda que a vida continua e que Deus é um Pai de amor que nos perdoa e sempre nos dá oportunidades para reaprendermos as lições não aprendidas.
Concentre seus pensamentos nas virtudes que vc. já tem e não pense no que deixou de fazer, não trabalhe com a culpa, perdoe e peça perdão a todos que vc. magou consciente ou inconscientemente. Prepare-se para novas caminhadas, novas aprendizagens e até um dia. Por enquanto o pensamento é o nosso ponto de encontro, nossa comunicação. Te amo muito, e não me mande a merda, e pode dizer que gosta de mim só pq. sou mãe do Rafa que eu não me importo, sei que vc. me ama.

Beijos Nana