sexta-feira, 12 de março de 2010

Desespero...Solidão...

Hoje me sinto um tanto quando reflexiva, lutando com uma ponta de depre que tenta se estabelecer. Motivo aparente não há. Minha mãe que tanto me preocupava, já iniciou um tratamento e está esses dias, na minha casa de modo calmo e harmonioso. Aceitou a companhia da nossa antiga empregada, já uma amiga, o que me deixou tranquila com sua volta para casa. Não estará mais só.
Durante minha infância quase não convivemos. Morávamos no interior de São Paulo, numa cidade que na época, não oferecia condições para uma educação mais elaborada e portanto, minha irmã e eu, fomos para um colégio interno. Saída de quinze e quinze dias, se não ficássemos de castigo, o que volta e meia acontecia comigo. Portanto... poucas idas em casa. Hoje me parece que eu provocava esses castigos para ficar no colégio pois, minha convivência com ela era difícil. Quando terminei o ginásio e deixei o colégio, fui morar fora com meus avós, para continuar os estudos e nos distanciamos mais ainda. Eis que a vida nos coloca juntas novamente. Estou cuidando dela, que se tornou mais difícil com o passar da idade.
No entanto, participei de uma consulta dela com o geriatra e fiquei comovida com suas colocações, suas dores, sua solidão. Olhei minha mãe, envelhecida, com outros olhos. Tantos sonhos mortos, pois ela não soube construir novos. Tanta desesperança... me lembrei de uma escritora africana (Chimamanda Adichie: o perigo de uma única história), de quem ouvi uma palestra na internet que fala que construímos nossas histórias baseadas em poucos ou só um aspecto dos fatos e ignoramos o todo que pode mudar a história. Comecei a repensar a minha história em relação a ela. A compreender suas limitações e imaturidade. A de ver suas impossibilidades e agradeço aos amigos espirituais a oportunidade que a vida está nos dando, de refazermos nossas histórias.

2 comentários:

claudina disse...

querida! muito fluida sua escrita, achei muito legal! Que bom que sua mãe aceitou o tratamento e que Orlandina foi com ela, de fato, a vida vai nos dando sustos e soluções... e ainda bem que vc é criativa e abre bastante espaço para que o vento da providencia se movimente! parabéns pelo blog, beijos,
claudina

Claudia Bustamante disse...

Querida prima,adorei saber da sua visita em meu blog,e aqui estou eu no seu!Adorei esse seu post sobre sua mãe,nao so por saber que vocês estao juntas e se conhecendo melhor,nunca é tarde para isso,principalmente quando estamos em vida,mas principalmente porque eu tenho maravilhosas lembranças com ela,que sempre nos recebeu em sua casa com uma alegria e disposiçao infinitas.Sei que esses ultimos anos ela nao esteve bem,mas
eu sempre vou lembrar daqueles velhos carnavais com muita saudade...beijos
Claudia